Crescimento Pessoal: quando o skincare se tornou um refúgio?
É 2025 e todos parecem cansados, em busca de crescimento pessoal. Voltemos um pouco no tempo. Como foi o seu primeiro contato com o Instagram, quando a rede social surgiu no Brasil?
Naquela época, um simples post parecia uma conversa entre amigos em um happy hour. O contato com pessoas distantes parecia uma vantagem — e era. Tínhamos a chance de acompanhar um familiar por fotos. Surgia uma nova forma de conexão.
Mas como foi que chegamos aqui? Na era da exaustão digital? Será que foi quando perceberam que era possível forjar uma realidade pelas redes? Ou quando o consumismo tomou conta do feed, gerando desejos ininterruptos? É uma pergunta em aberto — mas que leva a um único ponto: a procura pelo alívio e pelo verdadeiro crescimento pessoal.
Em 2020, fomos trancados em casa por mais tempo do que imaginávamos. Fomos obrigados a desacelerar. E, no pós-pandemia, fomos obrigados a acelerar. E hoje… bom, continuamos apressados.

No livro de José Saramago, Ensaio sobre a Cegueira, somos apresentados a uma sociedade tomada por uma cegueira súbita, que resulta no caos, no individualismo e no colapso social generalizado. Algo que encontra eco na realidade atual.
Depois da pandemia, assistimos ao movimento crescente da tentativa de abraçar o mundo: dar conta da casa, da família, dos estudos, do trabalho, da evolução financeira, intelectual, espiritual — e ainda postar uma foto feliz nas redes para não perder o costume (ou o like). Ufa! (Mas tem mais.)
E o ritual da beleza? O feed ficaria em desfalque sem a rotina robusta de skincare noturna de quem está exausta, mas precisa disfarçar. Uma tentativa de manter a aparência do equilíbrio. A quem estávamos enganando?
Agora é 2025. Percebeu a mudança? É sutil, mas está aí. Estamos ensaiando um momento de lucidez, causado pela saturação da fantasia digital. No contexto atual, o momento de cuidado não é mais conteúdo.
Não precisamos mais dos likes ou de qualquer validação.
Não queremos mais gravar tudo.
Não registramos o que comemos.
Não checamos os stories.
Não dá mais tempo, prioridades.

Nunca estivemos tão conscientes de nossas limitações humanas. Fazemos o que podemos, somos quem conseguimos ser. As circunstâncias são reais — e não somos tão espiritualmente desenvolvidos quanto o post da influencer.
A vida offline começa a florescer. Não nos contentamos mais em montar um cenário para a foto. Queremos viver o cenário. O caminho foi redefinido.
A corrida do autocuidado estético nos mostrou o que faltava: saúde. Por isso, reavaliamos a urgência da vivência real.
Agora, o bem-estar vem primeiro. Precisamos ser — e não apenas parecer. Preferimos apreciar — e não apenas ter.
Em tudo o que fizermos, haverá intenção e autenticidade. O crescimento pessoal agora é mais do que tendência: é ferramenta de equilíbrio emocional.
Não diremos sim a tudo — apenas ao que nos é útil. E o ritual de beleza será, de fato, para elevar o espírito e encontrar a calma.
Há fundamentos na busca do crescimento pessoal:
- O cérebro humano interpreta os rituais de beleza como sinais de segurança e bem-estar. Uma automassagem com óleo corporal, por exemplo, ativa hormônios ligados ao afeto e ao prazer.
- Banhos relaxantes regulam o sistema nervoso, diminuem a frequência cardíaca e organizam os pensamentos.
- Estímulos sensoriais — texturas, aromas, temperaturas — reduzem o estresse ao ancorar a atenção no presente, como acontece na meditação.
- A atenção voltada para si mesma é percebida pela mente como um aumento de valor pessoal significativo. O toque na pele, no cabelo e no corpo transforma a saúde emocional, diminuindo o esgotamento mental e aumentando a satisfação pessoal.
- Mesmo os pequenos rituais diários estabelecem o vínculo entre sua mente e sua identidade. Esse bem-estar reforça uma autoimagem positiva, ajudando a elevar a autoestima e o prestígio de si mesma.

Passamos a aceitar apenas aquilo que responde positivamente às perguntas: isso valoriza o meu tempo? Me faz sentir renovada?
Atualmente, a leveza é o novo luxo — e isso se reflete na forma como vestimos e nos apresentamos. A roupa de academia se tornou o look do dia – não pela estética, mas pelo conforto, que hoje tem mais valor.
O skincare é, agora, mais do que um cuidado com a pele. É uma experiência terapêutica — um refúgio para onde podemos escapar e renovar as energias.
O que torna esses rituais tão prazerosos? Como eles passaram a ocupar um papel tão central no cotidiano?
Este guia foi pensado para responder a essas perguntas — e ajudar você a construir o seu próprio espaço de autocuidado, longe das pressões do feed e mais perto de si mesma.